sexta-feira, 26 de novembro de 2010

SEPSE

Hoje quero falar um pouquinho sobre sepse, mais conhecida como infecção generalizada. A sepse pode atingir facilmente pacientes que sofreram AVC isquêmico ou hemorrágico.


No vídeo abaixo, vamos poder entender um pouco mais sobre o que realmente acontece no corpo de um paciente com sepse.




O ponto fundamental que dá origem a sepse é a infecção por um microrganismo. Mas na verdade, não é a infecção que está em todos os locais do organismo. Por vezes, a infecção pode estar localizada em apenas um órgão, mas provoca em todo o organismo uma resposta para combater o microrganismo causador da infecção.
Esta resposta é uma inflamação que pode vir a comprometer o funcionamento de vários órgãos. Esse quadro é conhecido como disfunção ou falência de múltiplos órgãos, sendo bastante grave e potencialmente mortal.

Algumas pessoas têm maior chance de serem vítimas da sepse:
  • Prematuros, crianças abaixo de 1 ano;
  • Idosos acima de 65 anos;
  • Portadores de imunodeficiência: câncer, quimioterapia, uso de corticóide, doenças crônicas, AVC;
  • Usuários de álcool e droga;
  • Vítimas de traumatismos, queimaduras, acidentes automobilísticos e ferimentos à bala;
  • Pacientes hospitalizados que utilizam antibióticos, cateteres ou sondas
O diagnóstico da sepse é realizado pelo médico levando em consideração sinais e sintomas como:
  • Taquicardia: aumento dos batimentos cardíacos (acima de 90 por minuto);
  • Febre: aumento da temperatura acima de 38˚C (considere também hipotermia: queda abaixo de 36˚C);
  • Taquipnéia: aumento da respiração (acima de 20 por minuto);
  • Falta de ar;
  • Diminuição da quantidade de urina;
  • Pressão baixa;
  • Confusão mental.
E complementados por exames laboratoriais como:
  • Hemograma;
  • Hemocultura: investigação de microrganismos no sangue;
  • Dosagem de lactato.
O tratamento da sepse envolve uma séria de medidas e procedimentos médicos, tendo como ponto fundamental o diagnóstico correto e o mais precoce possível.
As medidas envolvem:
  • Tratamento com antibióticos que visam combater a infecção;
  • Reposição de líquidos e eletrólitos perdidos pelo corpo;
  • Restauração e manutenção da pressão arterial
A sepse pode atingir três estados;

SEPSE: resposta sistêmica à infecção grave; o paciente é portador de sepse caso apresente SIRS deflagrada por infecção;

SEPSE GRAVE: é a sepse associada com disfunção de órgãos, hipoperfusão ou hipotensão, podendo haver acidose lática, oligúria ou alterações agudas do nível de consciência;

CHOQUE SÉPTICO: sepse com hipotensão, a despeito de adequada ressuscitação hídrica, associada à presença de anormalidades de perfusão;

Infelizmente, minha mãe, não resistiu ao tratamento contra sepse, que desenvolvida, gerou um choque séptico, com parada cardíaca fatal.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

E VOCÊ? COMO VOCÊ MEDE SEU ANO?




Quinhentos e vinte e cinco mil e
seiscentos minutos
Quinhentos e vinte e cinco mil
momentos bons
Quinhentos e vinte e cinco mil e
seiscentos minutos
Como você mede...
Mede um ano?
Em dias? Em Pores-do-sol?
Em meia-noites? Em copos de cafe?
Em centimetros? Em milhas?
Em risos? Em lutas?
Em quinhentos e vinte e cinco mil e
seiscentos minutos
Como você mede...
Um ano de vida?
Que tal em amor?
Que tal em amor?
Que tal em amor?
medir em amor
temporadas de amor
temporadas de amor
Quinhentos e vinte e cinco mil e
seiscentos minutos
Quinhentos e vinte e cinco mil...
Jornadas para planejar
Quinhentos e vinte e cinco mil e
seiscentos minutos
Como você mede a vida
de uma mulher ou de um homem?
Em lições que se aprendeu
Ou nas vezes que chorou
Nas pontes que ergueu
ou na maneira que ela morreu
A hora... é agora!
Essa história não tem fim
De celebrar
lembrar do ano
Na vida de amigos
Lembra com amor
Lembra com amor
Lembra com amor
Meça com amor
Meça,
meça sua vida com amor
Tempos de amor
Tempos de amor
 
NÃO PERCA MAIS TEMPO......AME AGORA, AME HOJE E AME SEMPRE!

MENSAGEM LINDA



Mensagem enviada por uma amiga, vítima sobrevivente de um AVC hemorrágico.
"Deus quer restaurar-nos completamente, fisicamente, socialmente e espiritualmente, temos um deus único q não é Deus de multidões, mas de indivíduos. Ve cada um distintamente, conhece as impossibilidades e dores e socorre cada um , conforme suas necessidades..."

RECONHECIMENTO MERECIDO - E-MAIL RESPOSTA

"Camila

Fico muito agradecido em nome de toda nossa equipe  pelo reconhecimento de nosso trabalho !
Esse  e- mail será repassado a todos os profissionais !

Um forte abraço

Dr. José Roberto Hansen
Coordenador SAMU192 Campinas"

Mais uma vez, muito obrigada ao serviço "SAMU 192", aproveito para acrescentar, atrás de uma grande equipe, existe um grande coordenador.

É HOJE!

São exatamente 10h38, recebi uma ligação inesperada, porém, muito boa. Dr. Marcos, psicólogo da neurologia da Unicamp.

Já nos conhecemos, quando minha mãe ficou internada, tivemos uma ótima conversa, sobre a doença, a morte, as possíveis sequelas, entre outros, isso ocorreu na enfermaria da neuro, com Dr. Marcos, minha querida tia Yeda e eu.

Neste blog mesmo, tenho um texto maravilhoso do Dr. Marcos, descrevendo o processo de "desligamento" deste mundo.
Amanhã, entro em contato com ele novamente, para marcarmos uma bate papo!!!

Fiquei muito feliz, continuo caminhando em busca da realização do meu projeto de vida! E o mais importante....sei que não sigo sozinha!


DRA. SHEILA MARTINS

Oi Maria Camila
Sentimos muito pelo teu sofrimento e por tudo que ocorreu com a tua mãe. Tenho certeza que ela foi atendida da melhor maneira possível, porque a UNICAMP é um dos melhores hospitais públicos do país e o Dr Wagner, além de ser uma pessoa especial, é um excelente profissional.
Ficamos muito agradecidos com a tua oferta para ajudar e faremos contato sempre que tivermos campanhas, entrevistas com familiares de pacientes, etc.
Tenho certeza que se ajudares como voluntária na UNICAMP isto ajudará a minimizar a tristeza pela tua perda.

Atenciosamente
Sheila Martins
Presidente da Rede Brasil AVC

E-mail recebido hoje pela manhã. Quer esperança e acalento maior que este? Poder ajudar pessoas que sofrem como eu, devido este mal chamado AVC.
Vida!!!!!!!!!!!!!!

Mãe você ainda vai ter muito orgulho de mim!!!!

Te amo!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Risco de AVC é hereditário

A probabilidade de um indivíduo sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) por volta dos 65 anos é maior no caso de um dos seus progenitores também ter passado pelo mesmo problema naquela idade, afirmam investigadores norte-americanos num artigo publicado no jornal Circulation.

Muitos dos fatores de risco para o AVC, como a hipertensão arterial, a obesidade e o tabagismo, podem ser modificados, mas a história familiar da doença não pode ser alterada, lembram os autores, sugerindo que o historial clínico familiar passe a fazer parte da avaliação do risco de ataque.
Nesta investigação, foram recolhidos dados referentes a 3.443 pessoas. Na história clínica dos progenitores destes participantes, existiam 106 casos de AVC por volta dos 65 anos.

Entre os atuais participantes, 128 sofreram AVCs ao longo dos 40 anos em que decorreu o estudo.

Tendo em consideração os principais fatores de risco para o AVC, os investigadores verificaram que os indivíduos cujos progenitores tinham tido aquele problema apresentavam o dobro do risco de também sofrerem um AVC.

Esta relação é mais acentuada entre mães e filhas.

Mas até nisso Teca? Relação eterna!

Depressão pós-AVC resulta de lesões microvasculares

Recuperar de um acidente vascular cerebral (AVC) é geralmente um processo longo que depende das características do próprio caso, da rapidez da atuação para minimizar os riscos e do apoio dado ao doente. Mas um episódio de derrame cerebral  pode  muitas vezes ser agravado pela sequência de uma depressão. Esta tem por base lesões microvasculares e que, nem sempre, são visíveis em neuro-imagens, mas que a jovem investigadora Micaela Santos consegui detectar com trabalhos de análise “pos mortem” de cérebros.

A psiquiatra, de 31 anos,  natural de Viseu, está investigando no Mount Sinai School of Medicine, em Nova Iorque, e desenvolveu um estudo neuropatológico sobre a ocorrência de depressão em idades avançadas e pós-enfartes e constatou que, no último caso a depressão tem um componente “muito biológico”.

“Os fatores de risco crónico a nível vascular, que não são visíveis em técnicas de ressonância, têm impacto no risco de depressão”, explicou ao “Ciência Hoje”, acrescentando que este transtorno é diferente do típico e caracteriza-se “pela apatia e dificuldades de motivação e de concentração”.
Trata-se de lacunas subcorticais que ocorrem em três zonas do cérebro e dão origem a “enfartes muito pequenos”. “Vimos que os casos de AVC que desenvolvem depressão têm uma relação com este tipo de lacunas, o que não foi verificado nos casos de depressão de início tardio”, assegurou a médica.

Este trabalho, iniciado na Universidade de Genebra (Suiça), onde Micaela Santos fez uma especialização em psiquiatria antes de partir para os Estados unidos, foi distinguido com o segundo Prémio de pesquisa do envelhecimento Vontobel 2010, considerado um dos mais conceituados galardões nesta área de investigação médica.

Haverá um neurónio da intuição?
Micaela Santos
A viseense Micaela Santos descobriu o gosto pela psiquiatria no quarto ano da licenciatura em medicina (na Universidade do Porto). A investigadora explicou ao “Ciência Hoje” esta sua escolha dizendo que o que mais a atrai em psiquiatria é o fato de ser “uma área integrativa que permite tomar a pessoa como um todo”.
Depois de se aconselhar com especialistas de renome como Sobrinho Simões ou Mota Cardoso, decidiu cumprir um sonho antigo de sair de Portugal e estudar no estrangeiro.A escolha foi a Suiça, por já ter um historial de êxito nesta área médica e por permitir a especialização simultânea em psiquiatria e psicoterapia, algo único em todo o mundo.

Está há um ano em Nova Iorque, onde pretende terminar os estudos que agora desenvolve. Depois disso, poderá voltar para Genebra e por lá ficar pelo menos três anos, partilhando o seu tempo entre o trabalho clínico e a investigação. Voltar para Portugal não é uma carta fora do baralho, mas tudo dependerá das oportunidades que surgirem. 
Depois deste estudo, a investigação da cientista portuguesa prosseguiu, sendo que agora está a trabalhar na neuropatologia do autismo e da esquizofrenia, recorrendo também a análises “pos mortem” de cérebros.

“Estamos a estudar um neurónio diferente de todos os outros [neurónio do Von Economo] e que pensamos estar relacionado com a intuição”, avançou a especialista viseense, alertando que se trata de uma “especulação” e que ainda não foram realizados testes suficientes para comprová-lo.

Segundo a psiquiatra, este neurónio, que se encontra na parte mais interior do cérebro,  poderá ser responsável pela perda de capacidades sociais que resulta da demência fronto-temporal. “As pessoas perdem a inibição e têm comportamentos de agressão e auto-estimulação, pelo que não conseguem perceber o que é ou não adequado”, explicou.

Nesta investigação, Micaela Santos estudou crianças autistas, que têm um aumento deste tipo de neurónios e sugeriu que, nestes casos, estas células “podem não estar a funcionar bem”. Além disso, numa “interpretação especulativa”, a investigadora adiantou que “estas crianças têm uma sensibilidade extrema, pelo que criam um escudo às interacções sociais”.
Outro distúrbio em que estes neurónios, hipoteticamente, intervêm, é a disautonomia familiar. Com uma grande prevalência na comunidade de judeus Ashkenazi, esta doença afeta o sistema nervoso autónomo (SNA) e a sensibilidade periférica. Quando portadores deste distúrbio têm emoções fortes, dá-se uma “tempestade” no SNA, o que se revela em vômitos, na ausência de resposta a estímulos de dor, entre vários sintomas.

A equipa de Micaela Santos também suspeita de que haja diferenças entre os neurónios do Von Economo que se encontram no córtex singular anterior e os do córtex fronto-insular, pois foram encontradas divergências “na forma e no número” destas células em ambos os locais

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

CONSEGUI!!!!!

Hoje exatamente 11h10 consegui falar com a Paula Fernandes!!!! Vou conhecê-la pessoalmente na próxima 3ª feira na parte da tarde.

Como tudo vai continuar conspirando ao meu favor, vamos dar início a um projeto ma-ra-vi-lho-so para ajudar quem precisa. Vamos superar limites!!

Ganhei meu dia!!! Muito feliz!!!

AGRADECIMENTO

Hoje minha postagem é única e exclusivamente para agradecer ao serviço SAMU. Aproveito para agradecer Dr. José Roberto Hansen, coordenador do SAMU - 192. Pelo pronto atendimento e atenção com minha mãe, durante o AVC.


Não tenho como esquecer de agradecer Dr. Wagner Avelar, neurologista que atendeu  minha mãe na fase aguda e ofereceu todos os recursos disponíveis para tentar combater esta catástrofe chamado AVC. Sem contar, Dr. Li Li Min, que dedica sua vida e inteligência a este acidente terrível.

Mais uma vez, muito obrigada a todos!


quinta-feira, 18 de novembro de 2010

SAUDADE

Saudade é a solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas a pessoa amada já...
Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...
Saudade é sentir que existe o que não existe mais...
Saudade é quando, o momento tenta fugir da lembrança para acontecer de novo e não consegue...
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
"aquela que nunca amou."
E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido..."

AINDA VOU CONSEGUIR

PAULA FERNANDES, PSICÓLOGA DA UNICAMP, AMBULATÓRIO DA NEUROLOGIA, EU AINDA VOU CONSEGUIR FALAR COM VOCÊ!!!!!!

NÃO VOU DESISTIR!

DR. WAGNER, DR. LI LI MIN, ME AJUDEM NESTA EMPREITADA

terça-feira, 16 de novembro de 2010

VALE A PENA LER

Comprei este livro através da internet, e vale muito a pena ler. Este material nos traz muitas informações importantes, para pacientes, familiares e cuidadores.

Vale muito a pena ler.
Contato para compra: josiane@lepedic.com.br

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

AMOR TATUADO

TECATUMA EU VOU E VOCÊ? INFINITAMENTE

UM GRANDE EXEMPLO

Um grande exemplo de profissionalismo e muita....mas muuuuita humanização.

Querida fisioterapeuta Juliana, mais uma vez, obrigada por sua dedicação e carinho com minha mãe

PREVENIR É SEMPRE MELHOR

O AVC pode ser de dois tipos. O AVC isquêmico ocorre devido à obstrução de um vaso sanguíneo cerebral, causando falta de irrigação sanguínea em uma região do cérebro e consequente morte das células nervosas. O outro tipo é o AVC hemorrágico, que ocorre devido à ruptura de um vaso e extravasamento de sangue para o cérebro. As principais causas do AVC são a hipertensão arterial, o diabetes mellitus, o colesterol elevado e o tabagismo, entre outras causas. Tratar adequadamente essas doenças e parar de fumar diminui muito a chance de um AVC. Os principais sinais e sintomas do AVC são: início súbito de perda de força e/ou dormência em um dos lados do corpo (braço, perna, face), dificuldade para falar ou compreender a fala, dificuldade para enxergar em um ou ambos os olhos, tontura, desequilíbrio, dificuldade para caminhar. A presença de um desses sintomas deve alertar para o AVC e, imediatamente, o paciente ou seus familiares devem chamar ajuda do SAMU 192, que estará preparado para encaminhar o paciente ao hospital preparado para o atendimento.
Aqui, na cidade de Campinas, com certeza, não existe hospital melhor para AVC, que não seja a Unicamp.

Veja como reconhecer os 3 sinais mais comuns do AVC

"SE TODOS FOSSEM NO MUNDO IGUAIS A VOCÊ....QUE MARAVILHA VIVER!"

DESCREVE DE FORMA SIMPLES NOSSA IMENSA DOR.

A vivência dos familiares de pacientes no processo de adoecer e morrer
Por Marcos Antonio Barg
Se quem chegou partiu
Se quem virá já foi
Só para quem fica
Os dias são todos iguais
Mil sonhos para enterrar
Corpo e alma vergam
Se os anos pesam demais
No coração

Marcus Viana

Todos nós passamos pelo ciclo do nascimento, vida e morte. As transformações que vivenciamos, no decorrer de nossa existência, são necessárias e envolvem mudanças que, se por um lado, são vividas como situações de crise, por outro, promovem a ampliação dos recursos internos para fazermos frente às novas demandas, permitindo, então, nos adaptarmos adequadamente às novas situações.A esse processo de mudança e crescimento, incluímos a passagem da infância para a adolescência, a entrada na universidade, o ingresso na maturidade, com o casamento e o nascimento dos filhos, a terceira idade etc. São mudanças estruturantes, o que envolve deixarmos condições anteriores e aventurarmos em novos desafios, adquirirmos novas habilidades, etc. Essas mudanças, de certa forma, são esperadas e fazem parte de nossas expectativas sobre como o mundo deve ser, favorecendo a sensação de que vivemos em mundo seguro, onde podemos planejar nosso futuro e nada de ruim vai nos acontecer.Entretanto, nem sempre as coisas acontecem como planejamos. Sabemos, hoje, que aquelas mudanças repentinas, inesperadas, cujas consequências podem se tornar permanentes e que afetam profundamente um grande número de crenças e concepções sobre como o mundo deveria ser, podem ter um impacto negativo na saúde mental dos indivíduos. Pesquisadores e estudiosos desse tema, ao definirem o conceito de transição psicossocial, apontam também para a questão da magnitude ou amplitude dessas mudanças, no sentido de que muitas áreas do funcionamento do indivíduo podem ficar afetadas.As presenças de uma doença grave e a perda do ente querido podem ser consideradas, eventos dessa natureza, principalmente, quando surgem de forma dramática e inesperada, afetando profundamente a vida dos indivíduos. Em um curto espaço de tempo, o paciente e seus familiares são arremessados em um turbilhão de fatos, que começam com o início abrupto de uma cefaléia intensa acompanhada por alterações da fala e perda da consciência, a necessidade de ser levado com urgência a um pronto socorro, o som da sirene da ambulância, o temor pela vida da pessoa, etc. Nessa situação traumática, luta-se contra o tempo, enquanto paciente e familiares procuram entender o que está acontecendo. De repente, o mundo muda drasticamente, como se aquilo não estivesse acontecendo, produzindo uma sensação de irrealidade. Nesse momento, são comuns frases do tipo: “eu nunca imaginei que isso pudesse acontecer um dia”, ou então, “a gente acha que essas coisas só acontecem com os outros”, mostrando que ainda persiste um certo grau de resistência em lidar com mudanças.Dependendo de um conjunto de condições, como a região do cérebro atingida, a extensão da lesão, o tipo do evento, a idade do paciente, condições de saúde/doença, os indivíduos poderão receber o diagnóstico de que se trata apenas de um evento transitório e devem seguir para uma investigação ambulatorial, ou então, de que se trata de um caso de maior gravidade, no qual o sujeito deverá ser internado e submetido a uma cirurgia de urgência de alto risco. Nesses casos, que necessitam de internação, o período de estresse para o paciente e familiares se prolonga. A preocupação volta-se, agora, para a imediata realização da cirurgia, o sucesso dos seus resultados, e a rápida recuperação do paciente.O período em que os familiares passarão a comparecer ao hospital inaugura um novo tempo marcado pela ansiedade e pelo medo do futuro, pela discrepância entre o tempo da família e o tempo do hospital e, em um do futuro próximo, deverão aprender também a diferenciar a esperança da ilusão. As mudanças significativas nas rotinas e na dinâmica familiar podem ter um profundo impacto na vida de seus familiares e emerge da necessidade de se redistribuir responsabilidades e de refazer planos anteriormente estabelecidos, de assumir novos papéis, de considerar a importância das decisões a serem tomadas no presente e no futuro que envolve a manutenção e os cuidados com a vida do paciente. A ausência do ente querido nas atividades habituais do dia a dia, nas coisas que faziam juntos, aumenta a solidão e as vivências de múltiplas perdas.A centralização de esforços voltados apenas para o tratamento da doença e os cuidados individuais com o paciente pode não reconhecer o processo de desequilíbrio que afeta também a família e o grupo social que o cerca. Relegada a um plano secundário, e sob o risco de seus membros serem considerados apenas como personagens subsidiários, ignoram-se as profundas experiências emocionais vividas pelos familiares no processo do adoecer do ente querido. Decisões unilaterais podem ser pouco aceitas, por não serem bem compreendidas, de modo que manter um contato mais próximo – marcado não apenas pelo conhecimento e questões técnicas, mas também pela empatia e compaixão –, convidando-os a participar de reuniões com a equipe médica e os profissionais de saúde, pode ser útil, pois esclarece dúvidas sobre o grau de consciência do paciente, se ele pode ouvir, quanto à interrupção de tratamentos inúteis, sobre ressucitação cardíaca, corrige distorções e fantasias, reduz o medo, etc. Nesses encontros, podem manifestar o que consideram mais adequado, não apenas para o paciente, mas para eles também, diminuindo a sensação de vulnerabilidade. Não podemos desconsiderar que, se essa mesma família tem o direito de decidir sobre a doação de órgãos, e quais órgãos serão doados, também deve ter o direito de ser ouvida em outras situações.Em alguns casos, apesar da cirurgia e dos esforços despendidos por toda equipe multidisciplinar, o quadro pode se complicar e o paciente evoluir para uma condição denominada morte encefálica. Essa condição, avaliada através de exames e testes específicos – denominados protocolo de morte encefálica –, mostram que o cérebro já não apresenta mais condições de funcionamento que sustente a vida do sujeito. O organismo passa a depender de meios externos para evitar o colapso total. Isso implica na difícil tarefa do médico comunicar e explicar aos familiares que o fato do corpo estar funcionando não implica que o sujeito esteja vivendo, e que em breve nada mais poderá evitar a morte do paciente. Podem surgir dificuldades dos familiares em entender (aceitar) as explicações do médico sobre o diagnóstico de morte encefálica, apontando para a existência de um processo de negação (em parte, esperado nessas situações). Nesse momento, poderiam ser utilizados alguns elementos de cuidados paliativos, oferecendo a eles suporte emocional, com o objetivo de ampliar a percepção e aprofundar a consciência sobre o que está acontecendo, ajudando-os a desenvolver recursos internos para lidar com situações de perda e luto, tolerância à dor psíquica, a compreender que o seu ente querido está próximo do fim do seu ciclo vital. Essas informações podem desencadear nos familiares sentimentos de muita ambivalência – manter o doente ou deixá-lo ir, pensar no paciente como alguém que está vivendo ou se preparar para o desligamento – e desencadear reações de luto antecipatório, provocadas pela consciência de que a morte é inevitável. O luto antecipatório tem sido definido como o conjunto de reações de luto vivenciadas pelo paciente e familiares que ocorrem antes da perda real ou quando a morte é esperada. Apresenta algumas fases como: choque, negação, ambivalência, revolta, negociação, depressão, aceitação e adaptação.O fato de o paciente se encontrar inconsciente (ou com a consciência rebaixada) impossibilita não só sua comunicação com o cônjuge e familiares, como eles ficam impedidos também de compartilhar a sua dor, expressar admiração, elaborar questões pendentes e mal resolvidas, se perdoarem mutuamente, conversando sobre coisas que foram importantes no relacionamento, enfim se despedirem. Nesse aspecto, o cônjuge e os familiares vivenciam o luto sem a participação do paciente. Sabemos, hoje, que nessa situação, propor algum ritual de despedida – a verbalização de sentimentos ou rituais religioso – pode ter um efeito terapêutico, ajudando-os a entrar em contato com a realidade da morte que se anuncia, a expressarem sentimentos de raiva, desespero, tristeza pela separação/morte. Compartilhar a experiência da perda pode contribuir para aproximar emocionalmente a família, além de ter um aspecto preventivo no luto pós-óbito, ajudando a aliviar sentimentos de culpa, possibilitando reorganizar objetivos de vida no pós-óbito, etc.Pelo exposto até aqui, podemos chegar a algumas conclusões sobre a ocorrência de doenças que evoluem para óbito, como um acontecimento capaz de produzir profundas mudanças em nossas vidas, auxiliando-nos a desenvolver uma concepção de mundo mais realista, pela qual não somos imunes ou onipotentes como gostaríamos, já que é impossível uma existência sem dor, sem ter angústias, conflitos. A través do corpo, fica evidente a fragilidade humana, e a doença, mais que um dano à saúde, pode ter implicações mais amplas na vida das pessoas.

Marcos Antonio Barg é psicólogo do Departamento de Neurologia da Unicamp, mestre em psicologia clínica pela PUC de Campinas com especialização em psicologia hospitalar.

Aproveito para agradecer Marcos por suas palavras, sua atenção e seus cuidados comigo e com minha tia querida! Valeu mesmo!!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

MINHA HISTÓRIA DE VITÓRIA

Me chamo Camila Volpe, sou da cidade de Campinas, tenho 31 anos. Morávamos eu, minha mãe e minha tia.
No dia 05.08.2010, estava em casa, somente com minha mãe, enquanto conversávamos normalmente, ela teve um AVC isquemico. Minha 1º reação foi ligar para o Samu, onde tivemos um atendimento em 8 minutos.
Fomos muito bem atendidos no PS da Unicamp por Dr. Wagner Avelar, um excelente profissional. Foi realizado o procedimento de trombólise, mas infelizmente, durante a madrugada do dia 06.08.2010, minha mãe teve o AVC hemorrágico, precisando assim, retirar a calota da cabeça do lado esquerdo, cirurgia realizada por Dr. Marcos.
Ela foi atendida durante este período por profissionais de altíssima competencia, neurologista, fisioterapeutas, enfermeiros, entre outros
Chegamos a fazer uma conferência com todos os envolvidos na recuperação da minha mãe, pois, ela teria alta médica na sexta-feira seguinte. Mas isso não ocorreu, no dia de sua alta, ela acordou com febre, e não conseguiu "desmamar" de 01 litro de oxigênio que ainda estava. Infelizmente, ela estava com infecção urinária, êmbolos no pulmão e isso desenvolveu para uma sepse grave com desfecho de choque séptico, vindo a falecer em 04.09.2010.
Estes dias foram terríveis para mim e toda minha família. Sou filha única, minha mãe sempre foi e sempre será meu referencial de vida. E durante todo este sofrimento estudei muito sobre AVC, suas causas, consequências, reabilitações, enfim, meu "mundo" mudou, para a nova vida que estaria prestes a começar, que por motivos que somente Deus sabe, não aconteceu.
Hoje, 02 meses após sua morte, me sinto preparada e forte, para ajudar as vítimas do AVC, sendo pacientes, familiares e principalmente cuidadores.

Vamos ajudar quem precisa, e nós que passamos por tudo isso, sabemos muito bem a importância desta ajuda, nem que seja, apenas uma palavra.