quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

DEPRESSÃO PÓS AVC

Uma dor no braço e no pescoço também não chamou a atenção de Ezequias Pereira Braga, 56 anos. Ele culpou o estresse e o cansaço do trabalho pelo incômodo e continuou com a rotina normal. Dois dias depois, estava em coma. “Não tenho muitas lembranças. Cheguei ao hospital e me deram uma injeção. Acordei entubado, com todos aqueles tubos me incomodando. Foram nove dias sem nenhuma consciência e um mês de internação. Perdi a força dos braços e das pernas e não conseguia falar”, conta o aposentado.

Ezequias teve o derrame em maio de 1996 e passou por uma longa recuperação. Com dificuldades para andar e se movimentar, ficou deprimido. “Fiquei com uma tristeza muito forte. Sentia falta do meu trabalho e estava preso em uma cadeira de rodas. Tive muita ajuda da minha família, dos meus vizinhos e do meu neurologista. É estranho, porque a mente funciona a mil, mas o corpo não responde. Foi muito difícil, mas conforme os resultados foram aparecendo, fiquei revigorado”, diz o aposentado, que, 14 anos depois do acidente, ainda sofre com problemas de equilíbrio.

O estresse, a má alimentação e o sedentarismo foram os grandes culpados pelo acidente vascular cerebral de Ezequias. Ele acredita que se tivesse dado atenção aos fatores de risco e se cuidado mais, o resultado seria outro. “Eu ainda tinha outro agravante: tive um irmão que faleceu por causa de AVC e ele tinha problemas cardíacos. Mas não me preocupava com a saúde, vivia para o meu trabalho. É preciso ter muita força de vontade para se recuperar de um derrame”, analisa.

Em 2003, Iara Maia Dias, então com 45 anos, foi fazer um lanche em um quiosque depois do trabalho. “Estava comendo e comecei a sentir uma tonteira, ouvia as vozes das pessoas longe, como se tivesse ficado surda. Queria falar e não conseguia, a língua enrolava. Minha filha estava comigo e me levou correndo para o hospital”, relembra. O resto parece ter ficado em um lugar bem longe da memória. A última lembrança foi do médico levantando seu braço, sem que ela conseguisse expressar reação ou força.

Enquanto ainda estava em recuperação, Iara teve mais três derrames. O AVC era consequência de uma trombose, diagnosticada meses antes. O lado esquerdo ficou paralisado, mas com a fisioterapia ela recuperou os movimentos. “Acho que o estresse também colaborou. Aprendi que a gente tem que ter o momento de trabalho e de lazer, procurar relaxar, se divertir, passear ao ar livre ou ler”, conta a aposentada. Hoje, além de levar a vida de uma forma mais leve, ela também faz caminhadas três vezes por semana e acompanhamento médico constante. “Minha única sequela é que às vezes esqueço o que acabei de falar. O exercício faz bem, porque traz oxigenação. Sempre controlo a pressão. E, se sinto alguma coisa, vou logo para o médico”, completa.

Minha única sequela é que às vezes esqueço o que acabei de falar. O exercício faz bem, porque traz oxigenação. Sempre controlo a pressão. E, se sinto alguma coisa, vou logo para o médico
Iara Maia Dias, aposentada, sete anos depois do AVC

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